ENTREVISTA

 

A História da ABTPé, pelo Prof. Osny Salomão

 
     
   
  Prof. Osny Salomão
foi presidente da ABTPé
durante os biênios de
1980/1981 e 1982/1983.
 
     
 

Em entrevista exclusiva, Dr. Osny Salomão conta um pouco de sua história e destaca a formação do Clube do Pé e da ABTPé. Acompanhe:

“Se eu não fosse médico, eu não sei o que seria”, foi esta a mensagem que o Prof. Osny Salomão, um dos entusiastas e membros fundadores do Clube do Pé e da ABTPé, ressaltou durante a entrevista ao Boletim.

Filho de um alfaiate sírio e de uma mãe descendente de italianos, o Prof. Osny nasceu em 10 de novembro de 1935, na cidade de Orlândia, interior de São Paulo. “Minha infância foi muito feliz. Não foi rica, mas muito feliz. Sempre gostei de estudar e fui muito dedicado ao que eu fazia. Nunca pude me queixar da vida. Desde pequeno eu queria ser médico e ficava contando quantos anos tinha que estudar para me formar”, lembra.

Em 1959, realizou seu grande sonho da infância; formou-se médico, da terceira turma da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. Foi quando ele deixou a cidade e foi para a capital, São Paulo, para fazer os chamados 'estágios' na época, hoje, as residências. “Vim para São Paulo para me tornar ortopedista. Fiz um ano de residência no Instituto de Ortopedia da Faculdade de Medicina de São Paulo e depois mais um ano de residência no Pavilhão Fernandinho na Santa Casa de São Paulo”, conta o Dr. Salomão.

Nesta época, o médico ortopedista começou a se interessar pelos membros inferiores, mais especificamente os pés e tornozelos e, junto com o Professor Manlio Napoli, que conheceu nos anos 60 ao entrar na primeira residência, formaram o Clube do Pé. “O Professor Napoli assistia alguns grupos especializados, de maneira extra. Por volta de 1964, nos reuníamos para debater os problemas e tratamento dos pés às sextas-feiras, no próprio hospital. Depois que o Napoli construiu uma edícula em seu consultório, passamos a nos reunir lá e, oficialmente, fundamos o Clube do Pé”, explica.

Poucas pessoas se interessavam pelos pés e tornozelos, a grande parte dos ortopedistas se aprofundava na coluna. Por este motivo não havia muita literatura sobre o tema. “O pé era renegado, tratado apenas com palmilha ou raras cirurgias. Não atraía muita gente. É uma especialidade difícil, um membro complexo que sustenta todo o corpo. No Clube do Pé, além de leitura de artigos, estudávamos casos. Levávamos pacientes e discutíamos o diagnóstico e tratamento. E com certeza isso ajudou a valorizar a especialidade. Com o Clube do Pé, passou-se a despertar o interesse de outros médicos em pés e tornozelos”, conta o Dr. Salomão.

A Associação Brasileira de Medicina e Cirurgia do Tornozelo e Pé - ABTPé surgiu depois do Clube do Pé, em 1975, durante uma reunião da Associação Paulista de Medicina. Noventa e nove médicos estavam na reunião e se tornaram membros fundadores da Associação. “Naquele momento, foi formada a primeira diretoria, que teve o Napoli como presidente e eu como secretário. Nosso maior objetivo naquele momento era o estudo das patologias do pé e padronização das nomenclaturas”, afirma.

O primeiro Congresso da ABTPé foi realizado em 1977, em parceria com a SBOT - Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia e com a SLAOT - Sociedade Latinoamericana de Ortopedia e Traumatologia. “O evento foi realizado no Rio de Janeiro e, pela primeira vez, pudemos falar como especialidade. Daquele momento para cá, a Associação só evoluiu e, hoje, se tornou mundialmente conhecida e respeitada. Trabalhamos sempre com seriedade e honestidade e com isso, conseguimos o crescimento”, ressalta.

Para o Prof. Osny Salomão, a ABTPé já está no futuro e tem uma função primordial na educação continuada, valorização da especialidade e incentivo a novos membros. “A nova geração é espetacular. Todos protestam, discutem e argumentam. Não há dúvidas, que a Associação vai avançar cada vez mais”.

Com uma carreira brilhante, além de ter uma participação fundamental na formação da ABTPé e ser presidente durante um período, o médico foi também presidente da SBOT, da FLAMeCiPP e da IFFAS- American Orthopaedic Foot and Ankle Society. Em 2008, ele trouxe o Congresso da IFFAS, realizado a cada três anos, para o Brasil. "Fui presidente de todas as sociedades do mundo de ortopedia".

Casado com uma professora de filosofia e história e pai de quatro filhos, o Prof. Osny vê em dois de seus netos, que cursam medicina, a possibilidade de continuação de seu trabalho. Ele tem um consultório no bairro de Santo Amaro e atende exclusivamente pacientes com problemas nos pés e tornozelos. “O acesso à informação tornou o paciente mais atendo aos tratamentos e cuidados. Em medicina trabalha-se muito, por isso sempre digo aos meus netos e a todos - Quem faz medicina tem que gostar de medicina, caso contrário não será um médico completo”, finaliza.

Confira a entrevista completa no site e YouTube da ABTPé.