ESPECIAL

 

O criador de bicho da seda

 
     
 

Sergio Bruschini

São Paulo - SP

bruschini0207@gmail.com

 

Faleceu em 28 de setembro passado nosso colega Dr. Osvaldo dos Santos Pires. Formado pela Escola Paulista de Medicina em 1968, fez estágio na Ortopedia do Hospital São Paulo e junto comigo ajudou a formar o Grupo de Pé da Escola Paulista de Medicina por volta dos anos 70.

Em 1975 foi para Barcelona estagiando no Hospital San Rafael, serviço do legendário Antonio Viladot Pericè. Como era sua característica pessoal, este meu amigão ficou muito amigo de Ramon, irmão de Viladot. Em meus encontros futuros com Ramon, este sempre se lembrava do “amigon” Osvaldo.

Fundador e frequentador do Clube do Pé, era junto comigo e com Roberto Androsoni, os representantes da Escola Paulista de Medicina. Márcio Benevento era também da Escola Paulista de Medicina, mas sua formação vinha do Professor Napoli enquanto os da Escola Paulista de Medicina eram formados pelo Professor Marino Lazzareschi.

Osvaldo foi por quatro anos o Primeiro Tesoureiro da ABTPé (na época Sociedade Brasileira de Medicina e Cirurgia do Pé) nas gestões do Prof. Osny Salomão fazendo parte, a seguir, do Conselho Fiscal da Sociedade. Foi também membro da Comissão Eleitoral por vários anos. Enquanto entre nós, desenvolveu um trabalho excelente e nunca mediu esforços para promover a valorização dos médicos e a união das diversas vertentes da especialidade. Era um trabalhador incansável.

De personalidade muito afável, Osvaldo certamente conquistou todos que o conheceram. Extremamente profissional, competente e ético, conciliador, calmo, sereno e extremamente amigável, não teve desafetos em nenhuma área que frequentou. Trabalhou no Hospital São Luiz durante muitos anos sob a orientação do Prof. Ivo Define Frascá e com ele fundou a Clínica Ortopédica Pinheiros, onde trabalhou em harmonia com seus companheiros até os dias de hoje.

Tinha uma característica paradoxal. Aquela personalidade calma e serena, que criava bicho da seda observando-os tranquilamente devorar a folha de suas amoreiras, tinha “pé de chumbo” na direção de um automóvel. Guiava a 200km por hora em estrada de terra.

Numa viagem, das inúmeras que fizemos juntos, na Itália, ele dirigia um Alfa Romeo. Não havia limite de velocidade, e ele tentou ultrapassar uma Lamborghini que “voava” pela autoestrada. Pedi para descer do carro simulando vontade de fazer pipi. Só entrei de volta quando ele me passou a direção. Estávamos todos em pânico, enquanto ele afirmava que estava dirigindo devagar.

Deixa uma simpática família. Cléia sua mulher, companheirona de Congressos e viagens. Qual mulher de congressista da nossa geração que não se lembra dela? Ela morria de rir quando eu reclamava da velocidade do marido na direção do automóvel e da velocidade dele na mesa de refeição. Osvaldo demorava mais ou menos 30 minutos para mastigar 10 gramas de arroz.

Deixa duas filhas Beatriz (Tice para os íntimos) e Fernanda. E o filho Osvaldo (Osvaldinho para mim), hoje expoente da Cirurgia do Quadril. É o atual Presidente da Regional Paulista da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Quadril e atuante nos quadros da SBOT principalmente na área de Educação Continuada e Comissão de Ensino e Treinamento.

O criador de bicho da seda vai deixar muita saudade para muita gente.